Andando nas ruas desta cidade,
Procurando caminho, a direção,
Entro naquela rua da União,
Recife, casa dos poetas,
Contramão.
Olhe, há direita,
Olhando a esquerda,
Não há direção,
Sentido Proibido,
A esquerda não viro,
Torcicolo será sempre reprimido.
Ande a direita conserve a cabeça,
Não se pode virar,
Sempre a direita deve-se andar,
A esquerda virá, virar, vira,
Vira a ponte, cai a tarde, cai na sela,
Passa a fumaça apressada pelo torto caminho que devo trilhar.
Se sigo o sentido,
Sigo a cor do sol da tarde do Recife,
Na mesma pista que sigo, essa cor deita no chão o meu contorno.
Sinal vermelho,
Sentido proibido,
Paro no Centro, na Nova,
Olho pro tempo,
Cauculo o Capibaribe, pelas águas eu sigo,
Sem deixar marcas, pegadas,
No meio do caminho perfeito
Encontro o sentido,
Morto na Contramão.
Sigo o rastro de sangue, pelas ruas do Recife,
Refletidas pelo pequeno espelho,
Pela mesma avenida,
Parada no sinal vermelho.
Ana Elizabete Barbosa -VERMELHO-
Às vítimas da ditadura, estudantes e militantes que estiveram na luta por um país mais justo.