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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Beleza Fria


São doze mulheres
No Cerrado dormindo
Na cama de cimento 
Dormem quietinhas 
O silêncio incomoda

E elas não escutam
A voz que as chamam
Meninas pra vida
Venham, levantem 
Não sofram ainda 
A carne está fria 
O cobertor não esquenta
A terra lamenta 
Meninas do cerrado 
Sonhos que são ceifados
Meninas que dormem 
Realidades cruéis 
Meninas do Brasil 
Quem protegerá 

Ana Elizabete Barbosa

sábado, 2 de agosto de 2014

O Palhaço



O palhaço abraça com sorriso, 
O público que lhe espera, 
Bate palmas e dança, cai na lona
Não se machuca, pois faz isso com amor, 
Faz isso porque sabe, 
Que do outro lado, na arquibancada 
A criança que chorava, 
Com sua graça levanta o riso, 
O palhaço é o amigo que preciso , 
Na hora de levantar. 
Rufam os tambores,
A lona sobe ao céu sem estrelas,
O domador os bichos recolhe,
Só ele,  fica a olhar, 
O caminho do circo que vai,
 a cara do povo que fica,
o palhaço se dignifica, 
Quando vê a saudade bater,
Na mão da criança que acena, 
Que chama e diz não vai embora, 
E é nessa hora, 
Que em vez de rir,
O palhaço também chora, 
Debaixo da maquiagem a lágrima, 
Por cima da tinta alarga os lábios vermelhos
E assim disfarça os olhos da mesma cor, 
Faz uma graça e se despede,
Faz morada na lembrança, 
Porque palhaço é filho da arte, 
É a parte do ser humano que não perdeu a esperança. 

Ana Elizabete Barbosa