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domingo, 12 de abril de 2015

O Cheiro do Recife



Recife esse teu cheiro 
Muda meu semblante
Provoca-me lágrimas
Grita dentro de mim
Grita-me suave e surdo
Abalado por ele fico mudo
Estranho grito ardente
Recife teu cheiro embriaga
Entra frio e sai quente
Na janela do beco de casa
Recife teu cheiro invade
Aquele que risca na faca
O teu nome no chão e bebe
Raspando teu cheiro da pele
Erva doce no saquinho
Álcool no lenço, casca de mimo
Sempre na bolsa para confundir
O cheiro inebriante do Recife
Cheiro que só sente quem mora aqui
Cheiro de merda do canal 
Cheiro de urina, excrementos,
Nas ruas escuras do antigo 
As sarna do cachorro de Madonna
Enquanto eu disfarço pros amigos
Levo por outro caminho
Ele me olha da janela
Com sua camisa amarela
No Palácio que eu pago pra ele viver
De onde me fode e me cospe 
E eu não posso nem mesmo entrar
Só para dizer o que penso e sou
Desce daí fela da puta vem escutar
Toda vez que passo nessa vala
Sinto o cheiro da política do Recife
Enquanto a brisa fresca embala
A varanda onde queria pisar
Só pra lhe enfiar uma bala. 


Aninha Barbosa 


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