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quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Roda do Ano

O círculo representa a unidade e a volta
Tudo que um dia  vai ao seu lugar retorna
A roda gira e sempre há de girar
Quem deixou dívidas no passado
Este volta para cobrar
Portanto aqui vai um conselho
Resolva tudo primeiro
Não saia para o futuro
Com a sombra do passado
Evitando assim que seus dias
Sejam então assombrados
Aproveite o momento
Não esqueça de agradecer
A troca é essencial
Ela te dá prestigio e poder
Seja sempre gentil
Garanta bons sentimentos
Lembre-se do retorno
Esse não há esquecimento
Se apenas o bem tu desejas
Faças o que quiseres
Aos pés da Deusa abençoado estejas.

Ana Elizabete Barbosa

Altar da Deusa

Água, terra, fogo e ar
Harmonizando o altar
Leste boto vela e fogo
Tudo de vermelho  há

Incensos, pássaros e fadas
Bem baixo no Norte ficará
Para ser bem afirmado
No meio deixo o caldeirão

Ao seu lado minha bruxa
esquentando seu coração
Acima da terra colocada
Sentimento e magia vigiada

No Oeste cristais e pedras
Plantas, cascalhos e regras
Duendes alegres seu elemental
Abrem assim da terra o portal

Vou girando para o Sul
Onde água vou encontrar
Perfumes, sereias e conchas
Taças de água para celebrar

Meus animais de poder
Vou alí distribuir sem medo
Com a Deusa consagrar
Esconder os meus segredos

Assim será sempre feito
Sem a ninguém prejudicar
Seja consagrado o que deseja
Com a Deusa abençoado seja.

Ana Elizabete Barbosa

Magiando

Tudo na vida é presente
Assim eu aprendi a ver
Se não quero para mim
Não me custa devolver

Em uma casca de coco
Sálvia e alfazema queimar
Defumo a casa e o corpo 
Sempre alegre a cantar

Nessa firmeza eu acredito
Toda mal será cortado
Agradeço ao grande espírito
Que a mim foi enviado

Acredito e assim eu firmo
Seu feitiço repreendido esteja
Nas mãos da Deusa entrego 
Assim se faça, assim seja

Ana Elizabete Barbosa 

terça-feira, 17 de junho de 2014

Mariposa



Um vestido preto 

Um salto vermelho
Uma taça de vinho
Um minuto de papo
Uma noite de carinho
Um prazer beijado
Uma traição sorrateira
Um D. Juan saciado
Uma dama apaixonada
Um dia de luxúria
Uma mulher desapontada
Um poema escrito
Um amor esquecido 
Papel rasgado no chão
Desperdícios de uma canção. 



Ana Elizabete Barbosa

Foto: Gill Almeida

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Recifes


Recife tem duas caras
Eu poderia descrever
A cara do meu Recife
A cara que o turista vê
Ou o Recife que eu moro
Que ninguém quer saber

São cidades diferentes acho eu
Morros, becos, valas e favelas
Estão no Recife do Chico poeta
Pontes, Marcos e Monumentos
Estão plantados bem no centro
Por onde o  catamarã navega

Mangue alimenta o Recifense
Unhas sujas que tentam viver
Turista aproveita da varanda
O sangue e o suor das mãos
Nem sabe se é bom ou ruim
Mas é praxe, simples assim

Eu conheço o meu Recife
Recife de quem trabalha
De quem anda, faz compras
De quem anda de farda
É o Recife de quem viaja
Pelas ruas da Agamenom

O Recife do poeta Rossi
É o Recife de Palmeiras
De encantos, bebedeiras
O Recife de Romero Brito
Aquele que está escrito
No poema do tal Bandeira

Eita Recife bom e lindo
Aquele do Marco Antigo
Onde os poetas se reunem 
Onde tudo é perfeitinho
A cidade é multicultural 
No Recife do Burburinho

Esse é o Recife poético
Aquele que você vem ver
O Recife dos cantadores
Dos poetas e doutores 
A Veneza do Brasil 
Recife de encantos mil. 

Ana Elizabete Barbosa 

Foto: Gill Almeida

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Meu Eu na Minha Mente



Não sou um deserto
Nem tampouco ilha
Não sou ventania
Nem tampouco brisa

Sou assim como você me vê
Preciso de toque, contato e voz.
Sou intensa tenho alma vermelha
Não gosto de calmaria sou babá
Sou bruxa, sou orixá, sou cigana
Minhas tardes tem axé e muito dendê
A noite tem fogueira e caldeirão a ferver
Jogo flores no rio e a ele peço um amor
Jogo flores no mar para o mesmo amor esquecer
Quem fica comigo é porque gosta do fogo
Não tem medo de bailar no escuro
Pisa na brasa dança com eguns e cospe larva
Eu sou filha da poeira, sou cigana estradeira
Não tenho medo nem mendigo nada
Não peço amor e nem gosto de oferecer
Me acompanha quem me ama
Não quem tem medo de perder
Sou grande, sou pequena,
Sou pajé, cacique, guerreiro, curumim
Ferro, ouro, ametista, marfim
Fogo, água, terra e ar
todas as deusas dentro de mim.

Ana Elizabete Barbosa