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domingo, 12 de abril de 2015

Estelita: Recife Prostituída



Estelita, Estelita, Estelita
Que queres tu que te diga
Não passas de uma vendida
Na calada da noite prostituída
Pelo seu cafetão foi apenas usada
Não és mais do que uma fachada
De drogas, de desamor,
Desencanto de cor e de dor
Memória apagada sem riso nem pranto

Doce Estelita do mel que produzias
Restou apenas a lembrança amarga
Marcas nas mãos daqueles que te usaram
Usurparam teu mel, te deixaram fel
Hoje teus amantes de buscam, 
Te ocupam as partes abertas
Resistem ao ataque do coronel
Revelam a cada dia o desejo
O desejo de te possuir inteira 

E tu ? tu te calas, envergonhada
Te vestes de cinza,
O vestido verde não te cabe mais
Este passaste para a sinhazinha
Em troca de amarelos anéis

Ah Estelita, hoje tu chamas
Tu clamas, pedes que te amem
Que te desejem, te abracem
Rejeitas o teu feitor teu destruidor
Te amarras em esperanças
Em insanos amantes

Ah Estelita, secretária do Cais
Ainda tens mesmo fria encantos
Cobiçada como uma menina
Corpo de fêmea veneziana
Por dois falos invadida

Para te cegar a alma
Para tirar tua calma
Te desejam novar,
De tão usada, tão desmerecida
Cansada de histórias vividas
 Queres apenas envelhecer
Renovar-se de si mesma
Sem provas para provar que vive 

Estelita, és tu aquela vendida
Prostituída, vencida, Refém
És daqueles que pagam e não vêm
Teus amantes, choram a dor 
Quem tem dinheiro quer pagar
Quem te ama quer te ver
Doce Estelita nos sonhos dos boêmios
Teu  poema nunca vai morrer.

Aninha Barbosa 

Um comentário :

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