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terça-feira, 20 de maio de 2014

Folhetim


Urgências
Emergências
Divergências
Clemências 
Indulgências
Desistências

A vida logo passa 
A água aqui pinga
O mundo então gira
O amor assim esfria
A mente é tão insana
Rola, cai, deita na cama
Anoitece e amanhece o dia
E o que aconteceu ?
Nada, diz dona Maria.

Morreu como, quem disse
Quem viu passar o esquife
Quem lembra dele ainda vivo
Eu não sei ele quem foi quem é
A vida passou por ele correndo
Ele trancou-se nela e não a viu
Passou a vida ensaiando e lendo
Para subir ao palco e não subiu
Não aproveitou sequer o espaço
Perdeu uma nova oportunidade
Não dá mais tempo camarada
Agora ficou o verso e a saudade.

Pega o violão e guarda a nota
Quando mais tarde se encontrar
Quem sabe com autores e atores
Possa uma nova história escrever
Quem sabe em um ponto irreal
Possa então ter um novo final
Se o príncipe escolhido não quiser
Muda-se o ator e faz dele o principal
Se a novela não der certo ainda assim
Pegaremos a história e faremos um folhetim.

Ana Elizabete Barbosa

sábado, 17 de maio de 2014

Clariciando



Do alto da janela onde Clariciavam sonhos
O Recife  que não dormia em sua mente
Navegavam versos na fumaça do cigarro
Em suas dores e anseios já quase demente
Poetizava a vida que da varanda se passava
Estranha, quase lúcida, doce e calmamente 

Quantas noites embaracei  escritos das luas
A fim de entender-lhe embriaguei-me também
Cortantes adagas, tão fortes tão fracas tão suas
Valente me fizeram ao desafiar o ermo e o aquém
Mas nada comparada a lua que estava na tua vida 
Hoje linda cheia, caia com a chuva fria na Boa Vista 

Deu a luz de sua graça como se fosse despedida
Segui seu brilho pela praça com a mão estendida
Parei na tua porta, senti a tua presença fascinada
Em meus olhos estavas, foi a poetisa quem a viu
Não sei como nem porque, mas sei que me visitavas 
Apenas agradeci pelas palavras que meu peito ouviu 

Clariciarei meus sonhos na tua janela admirada
Clariciarei minha vida em teu gesto desnudo
Clariciarei porque agora posso tenho teu mundo
Dentro de mim tu vives e  viverás em poesias 
Clarice em minha alma, Lispectorando alegrias
Clariciando a vida e os meus segredos profundos. 

Ana Elizabete Barbosa / Uma noite na porta de Clarice

Poema em memória de Clarice Lispector e  dedicado especialmente hoje a grande  poetisa com alma tão livre e tão visceral quanto a mesma Auzeh Auzerina Freitas. 
Em 17/05/2014 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Uma Sonho de Amor

.


Um dia aqui na correria da cidade
Acessando fibras frias da conectividade
Fui parar no Ceará abestada com a postagem
Não tinha rosto, mas era tão bela imagem
Que parecia me chamar e num instante fui lá
Perdida, embriagada, quem sabe apaixonada
Não podia entender, não conseguia nem teclar
Foi assim que começou essa história que vou contar.

Era uma madrugada assim solitária bem fria
Conversava eu sobre as coisas do dia a dia
Com alguém que não me lembro e nem importa
Quando subiu um bonequinho de solicitação
Olhei pelo nome conhecido adicionei sem intensão
Pouca conversa, um boa noite e um coração
Assim começou a prosa que me fez sorrir
Por um minuto esquecer como é longe o Cariri

Naquela noite eu dormi e sonhei um sonho estranho
Vi passar uma praia tão linda com nome de Futuro
Vi passar aldeias de pescadores, barracas de coco
Balsas cruzando mar e pedreiras que pareciam muros
Vi também dois olhinhos me esperando na estrada
Como quem conhece o destino me abraçou falou nada
Fomos juntos até uma cabana na Serra da bela Chapada
Me colocou na varanda e disse essa é a nossa morada.


Aqui é minha Serra é a flor da minha Chapada
Onde mora a paz que sinto,  natureza e a calmaria
Tem bicho no quintal e lá mata no canto da estrada
Tem cantador, tem poesia, tem romance e romaria,
Tão bonito de se ver e de ouvir melhor coisa não há,
Tem doce de goiaba no tacho e de leite no fundo na panela
Tem nego bom,  tem até a minha cachaça com seriguela
Tudo que eu gosto e que tenho pra lhe dar e tem uma flor amarela

Deite aqui nesse terraço comigo estirada na esteira
Contando causo e história, também contando estrela.
Ouça  no fundo do quintal o cair d’agua de um regato
Rio que brinca todo dia  de se esconder na pedreira
Logo desemboca caudaloso se joga no meio do mato
Deslizando livre, leve e solto em uma grande cachoeira,
Ela cai em um açude lá do lado deveras bem profundo
Faz da minha terra do Sol o melhor lugar do mundo.

Fiquei aqui na rede aqui ouvindo o passarinho cantar,
Observando bem a serra vendo o clima meio que mudar,
Sentindo o calor o cheiro da terra, o meu dedinho doer,
 Tudo isso é presságio que aqui no cariri vai chover.
Bem te vi canta e Vagalume avoa longe deixa a tarde iluminada.
Saiu bem cedo o meu bem sai a trabalhar e logo pega a estrada  
Brilha os meus olhos quando  a poeira anuncia a sua chegada.

Ele que vem com a chuva na esquina dá um tempo
Conversando com os amigos fala do que sucedeu
Fala do trabalho e também do carinho que tem por eu
E assim dá uma olhada pra nossa porteira de rosedá
Enquanto a prosa se passa eu vou já fazer o seu jantar
Esquento um bocado d’água pro seu banho preparar
A chuva cai lascando de água, o frio começa a chegar
Meu bem me vê da janela e vem correndo me abraçar.


E assim mais um dia se passa na minha choupana
Quem disse que amor assim só dura uma semana
Não sabe o que sentir o cheiro do seu bem querer
Sem perfume importado e sem terno engomado
Só com o cheiro do jardim que plantei aqui do lado
Sempre viva amarela que tem um cheiro profundo
Parecem com os olhos pequenos do meu amor
Que são pra mim as coisas mais lindas que há no mundo.


Logo eu acordo tão sozinha em minha cama
Queria ouvir a sua voz dizendo que me ama
Queria que fosse verdade esse sonho azul
Dormiria mil e uma noites naquele terraço
Contando estrelas e cometas ouvindo sanhaçu
Esperando o ronco da estrada meu coração a pular
Correr até a porteira abrir espaço no nosso rosedá.
Te encher de carinhos e pra nossa casa te levar 

Ana Elizabete Barbosa 

domingo, 11 de maio de 2014

Fogo e Ar... Poemagiando Aninha


Ana é puro carinho
Carolina é fogo
Ana é coração em desalinho
Carolina meu sonho meio torto
Encantação na noite de Olinda
Balanço e ginga de menina
Voz de melodia e encanto de mulher
Aninha és poemagia
Nas suas palavras me perco e me embaraço
Quem me dera eu passarinho que sou
Esse canto de algodão
Menina poesia, canta com alma e coração
Apresenta-me a tua face, o sorriso e a palavra
Palavra que cantada, verso escolhido
Na voz dessa ninfa espalha pedacinhos de ilusão
Jogados ao vento esperando para serem colhidos.

Ana Elizabete Barbosa / para Ana Carolina Bevenuto

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Pedido de Amor



Aos céus peço licença,
A Deusa peço clemência
Pela minha dor, minha sina
Minha solidão que me alucina
Peço a crescente lua que brilha
Que a atenda ao meu apelo
Tire grande Deusa de mim o desespero
Traga-me logo um amor,
Um amor carinhoso e verdadeiro
Não me deixe amanhecer
Sem que ele me encontre
Três eu vezes eu pedi,
Três flores eu lhe dei
Esperando meu pedido acontecer
Antes que cheia tornes a ser
Grande crescente lua
Iluminada seja pelo universo
Atendei ao meu pedido maior
Atrai a força do amor que te peço.
Assim eu desejo
Assim eu acredito
Na Deusa eu creio
Entrego meu pedido.

Ana Elizabete Barbosa 


A Deusa do amor
Pedido para amar.

EPARREY



Quem é que espalha o canto do fogo
Coluna de vento tempestades é ela 
Espada de luz cortando os céus

Não tomba nem deixa tombar  
Seus filhos são fortes guerreiros
Forjados para combater e ganhar

Ela é de justiça não te deixa cair
Dama do raio, Senhora do trovão
É estrela de luz cheia de amor
Rainha da coroa do poderoso Xangô

Ela é rainha do meu verso cantado
Poema que ouço no vento espalhado
No meio da mata ela dança e encanta
Eguns lhe obedecem para eles ela canta

Eparrey bela rainha a todos vem avisar
Não mexe com fogo tu vais se queimar
Não compre briga com filho de Oyá


Ana Elizabete Barbosa 

CAPIBARIBE CAMINHO DO MAR





A lua já deitou 

Por trás do mar
Oh menina, êh
Oh menina, ah
Ora Iê Iê ô ôô ôi a 
Ora Iê Iê ô ôô ôi a

Só quem tem  olhos de lua
Consegue ver mamãe dançar
Olha fundo no Capibaribe 
A bela rainha está
Rodando dourada água doce
Levando o sol a caminho do mar

Águas cristalinas iluminadas 
Pelo ouro da pele Ora Iê Iê ô
Caudalosos cabelos Oxum se penteia
No espelho pairado está 
Canta Oxum menina de ouro
Levando o sol a caminho do mar

Meu arco-íris na beira da ponte 
De cores brilhantes vibrar
Cortando Recife com água e dendê
Sereias, Índios,Caboclos, Erês
Abre caminhos com pai Oxalá
Levando o sol a caminho do mar

Ana Elizabete Barbosa 

Talves nós dois


Hoje eu senti saudade 
Saudades do tempo em que apertava sua mão 
Te beijava as maçãs do rosto e tudo era inocente
Sem que soubesses que queria beijar a tua boca
Aproveitava aquele instante de devoção e entrega. 

Hoje eu senti saudades 
Saudades do tempo em que eu te abraçava 
Sentia o teu coração bater e tu não fugias do meu olhar.
Senti saudades daquela noite chuvosa que dançamos na calçada.
Talvez por sentir tantas saudades hoje eu não quisesse lhe ver,
Mas só talvez.

Talvez eu queira te ver amanhã, 
Assim sem mais nem menos,
Meio sem querer eu bata na tua porta
Com alguma coisa em uma mão e a outra no bolso, 
Só por não saber onde coloca-la... 
Mas só talvez.

Hoje eu fiz uma duzia de poemas pra você
Para te dizer no pé do ouvido amanhã,
Mas daí lembrei que amanhã não existirá nós dois.
Amanhã é abstrato e só existe no meu pensamento.

Mas uma coisa eu sei, a chuva vai cair porque é inverno
A rede do meu terraço, balançará porque estou nela 
O vinho gelado meu companheiro para noites frias 
Aquela taça que um dia eu batizei com teu nome
Só para encostar nos meus lábios e dizer 
"besame, besame much... "


Ana Elizabete Barbosa / Talvez / só pra dizer boa noite