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sábado, 17 de maio de 2014
Clariciando
Do alto da janela onde Clariciavam sonhos
O Recife que não dormia em sua mente
Navegavam versos na fumaça do cigarro
Em suas dores e anseios já quase demente
Poetizava a vida que da varanda se passava
Estranha, quase lúcida, doce e calmamente
Quantas noites embaracei escritos das luas
A fim de entender-lhe embriaguei-me também
Cortantes adagas, tão fortes tão fracas tão suas
Valente me fizeram ao desafiar o ermo e o aquém
Mas nada comparada a lua que estava na tua vida
Hoje linda cheia, caia com a chuva fria na Boa Vista
Deu a luz de sua graça como se fosse despedida
Segui seu brilho pela praça com a mão estendida
Parei na tua porta, senti a tua presença fascinada
Em meus olhos estavas, foi a poetisa quem a viu
Não sei como nem porque, mas sei que me visitavas
Apenas agradeci pelas palavras que meu peito ouviu
Clariciarei meus sonhos na tua janela admirada
Clariciarei minha vida em teu gesto desnudo
Clariciarei porque agora posso tenho teu mundo
Dentro de mim tu vives e viverás em poesias
Clarice em minha alma, Lispectorando alegrias
Clariciando a vida e os meus segredos profundos.
Ana Elizabete Barbosa / Uma noite na porta de Clarice
Poema em memória de Clarice Lispector e dedicado especialmente hoje a grande poetisa com alma tão livre e tão visceral quanto a mesma Auzeh Auzerina Freitas.
Em 17/05/2014
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